25 Jun
25Jun

Por Daniel Christian Henrique, João Vitor Savi (bolsista de extensão Probolsas), Sabrina Knoll Godoy Ilha e Fabio Augusto Dittrich

Em continuidade a série de informes extensionistas relacionados à evolução dos salários das indústrias nas diversas regiões do país durante a pandemia da Covid-19, conforme as variações de seus Valores da Transformação Industrial (VTIs) e volume de pessoal ocupado, divulgamos hoje os resultados relacionados aos estados da região sudeste. Para ler os resultados da região sul postados anteriormente CLIQUE AQUI.

Matematicamente, o VTI é calculado subtraindo os Custos das Operações Industriais (COI) do Valor Bruto da Produção Industrial (VBPI). Segundo o Seade: 

"O VBPI é a soma das vendas de produtos e serviços industriais, variação dos estoques dos produtos acabados e em elaboração, e produção própria realizada para o ativo imobilizado. Já o COI está ligado diretamente aos custos da produção industrial, ou seja, é o resultado da soma do consumo de matérias-primas, materiais auxiliares e componentes, da compra de energia elétrica, do consumo de combustíveis e peças e acessórios; e dos serviços industriais e de manutenção e reparação de máquinas e equipamentos ligados à produção prestados por terceiros"

CLIQUE AQUI para ler a metodologia completa do Seade aplicada às três variáveis em análise neste estudo.

- Resultados da Região Sudeste

- Minas Gerais

- Espírito Santo

- Rio de Janeiro

- São Paulo

Conclusões quanto a formação dos salários industriais nos estados da região sudeste:

- 2019 para 2020

  • Nos estados Minas Gerais (MG) e Espírito Santo (ES), foram obtidos acréscimos aos valores das três variáveis. Já nos demais estados, Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), foram obtidos decréscimos na ocupação de postos de trabalho e salários, e um acréscimo do Valor da Transformação Industrial. Tais dados serão usados como parâmetros para analisar os coeficientes. Logo, tanto o RJ quanto SP acompanharam as médias nacionais de queda na empregabilidade e na massa salarial ocorrida no Brasil, enquanto MG e ES seguiram mantendo estável a empregabilidade e salários de suas indústrias (apenas contabilizando um leve aumento).
  • Cabe destacar que a elevação do VTI de SP na categoria de fabricação de produtos alimentícios apresentou um aumento significativo (41,1%), seguido pela fabricação de produtos químicos (18,5%), "puxando" o VTI para uma variação positiva. Em sentido oposto, nesse mesmo período, observou-se três setores com redução nos seus percentuais, mas não forte o suficiente para gerar alguma retração no VTI total do estado: a fabricação de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-26,7%), seguido pelo segmento industrial de preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-20,0%), e por fim, a fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-18,3%) entre 2019 e 2020.
  • Apesar das elevações dos VTIs em todos estados, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro regrediram seus coeficientes de VTI nas equações de predição de seus salários totais, com ênfase em SP (-48,60%), seguido do ES (-32,1%), e RJ (-34,6%). Desta forma, uma elevação em 2020 de R$ 1.000.000.000,00 (ou R$ 1.000.000 em mil) no VTI do Espírito Santo aumentou os salários totais de sua indústria no respectivo ano em R$ 99.300.000,00 (ou R$ 99.300 em mil), elevou R$ 96.000.000,00 (ou R$ 96.000 em mil) em SP, e agregou R$ 84.100.000,00 (ou R$ 84.100 em mil) no RJ, enquanto que uma igual elevação no VTI de Minas Gerais aumentou os salários totais de sua indústria somente R$ em 78.500,000,00 (ou R$ 78.500 em mil).
  • Se apropriando da variável pessoal ocupado, têm-se que SP, ES e MG obtiveram variações relativamente baixas em seus valores totais, com maior destaque às demissões do RJ. Quanto aos coeficientes das equações preditivas, ES e SP regrediram, ao passo que RJ (b=17,48 para 18,70) e MG (b=22.85 para 25.65) obtiveram elevações.
  • Portanto, o volume de demissões de aproximadamente 14.000 pessoas totais nas indústrias do RJ no ano de 2020, reduziu os salários dos seus trabalhadores em R$ 261.800.000,00 (ou R$ 261.800 em mil). Em MG e ES a contratação de aproximadamente de 5.000 trabalhadores efetivada no mesmo ano em ambos estados, aumentou em R$ 128.250.000,00 (ou R$ 128.250 em mil) os salários totais pagos no respectivo ano em MG e em R$ 108.650.000,00 (ou R$ 108.650 em mil) no ES.
  • Os destaques nas demissões do RJ foram nas divisões industriais de preparação e fabricação de artefatos de couro (-32,2%), fabricação de produtos de madeira (-23,2%) e fabricação de equipamentos de informática (-22,6%). Em MG, por sua vez, destacou-se nas elevações de contratações das divisões de fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (14,8%) e de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (13,3%). O aumento das contratações no ES, por sua vez, obtiveram crescimento frente ao destaque da fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (108,2%), fabricação de móveis (48,7%), fabricação de celulose, papel (36,3%) e produtos químicos (23%). 
  • SP, proporcionalmente entre os anos, manteve-se relativamente estável no volume de pessoal contratado. Portanto a redução de seu coeficiente (b=39,73 para 32,32) não foi tão relevante nas análises. Todavia, cabe o destaque da severa redução de pessoal contratado na sua indústria de coque e derivados de petróleo (51,9%), mas compensada por aumentos em outras divisões.

- 2020 a 2021

  • Os quatro estados do sudeste do país aumentaram seus valores totais em reais nas três variáveis em análise. Estes dados serão os parâmetros para as análises dos coeficientes.
  • Com o progressivo fim dos lockdows, aumento do quadro vacinal na população e retornos aos ambientes de trabalho durante 2021, os VTIs totais saltaram de forma proeminente, elevando-se 94,97% no ES, 37,02% em MG e 34,07% em SP, ficando mais ameno no RJ, com 19,04% de aumento no respectivo ano. Apesar destas destacadas elevações, os coeficientes de VTI regrediram em MG e SP, porém pouco, não de forma abrupta. As equações do ES e RJ ficaram inválidas frente a falta de normalidade de seus resíduos, impossibilitando predições para o período em questão.
  • Esse resultado é um reflexo do maior volume de contratações nas indústrias em 2021 (observados nos aumentos totais de pessoal ocupado nos quatro estados), gerando maior volume de produção e consequentemente maior valor agregado produzido nas suas indústrias e elevação dos VTIs.
  • No coeficiente preditivo de pessoas ocupadas em SP nas suas 33 divisões industriais aumentou de b=32,32 em 2020 para b=36,24 em 2021, indicando uma maior elevação dos salários com as contratações efetivadas. As cerca de 84.000 vagas criadas em 2021 possibilitaram, desta forma, uma elevação de R$ 3.044.160.000,00 (ou 3.044.160 em mil) nos salários totais no respectivo ano. MG também eleva seu coeficiente de pessoal ocupado (25,65 para 28,58), possibilitando inferir que as cerca de 100.000 contratações do período elevaram os salários de seus trabalhadores em R$ 2.858.000.000,00 (ou R$ 2.858.000 em mil).

Referências: Seade(a), Seade (b), Seade (c)

Como citar este informativo? (padrão ABNT)

HENRIQUE, Daniel Christian; SAVI, João Vitor; GODOY-ILHA, Sabrina Knoll; DITTRICH, Fabio Augusto. Evolução dos salários na indústria durante a pandemia da Covid-19: uma análise nos estados do sudeste dos impactos do número de pessoal ocupado e do Valor da Transformação Industrial (VTI). 2024. Desenvolvido por GPFA - Grupo de Pesquisa em Finanças Analíticas. Disponível em: https://www.gpfa.com.br/informes-extensionistas/evolucao_salarios_pandemia_regiao_sudeste. Acesso em: (data de seu acesso ao site).

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