18 May
18May

Por Daniel Christian Henrique e Adrielle Helena Mannrich 

A análise da renda familiar ou da renda per capita é um elemento importante para avaliar as condições ou a qualidade de vida da população, visto que é através da obtenção da renda que as famílias conseguem satisfazer suas necessidades básicas de sobrevivência. O enfoque deste informe científico é, portanto, averiguar possíveis desigualdades sociais na distribuição de renda do país, observado possíveis influências do gênero (homem ou mulher) e da cor (preto, branco ou pardo) na composição do rendimento da sua população, seja este em rendimentos médios reais ou rendimentos domiciliares per capita.   

Esta pesquisa foi estruturada através de abordagens de regressões múltiplas com procedimentos stepwise. Analisou-se apenas o ano de 2020, com a coleta constando o rendimento médio e rendimentos domiciliares per capita para cada unidade da federação. Os dados foram coletados exclusivamente no PNAD (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio Contínua) e nos Indicadores Sociais do IBGE (2022). 

O sistema PNAD divulga os valores dos rendimentos domiciliares per capita das unidades federativas e do Brasil. O rendimento domiciliar per capita, foi calculado como a razão entre o total dos rendimentos domiciliares (em termos nominais) e o total dos moradores. Nesse cálculo, são considerados os rendimentos de trabalho e de outras fontes, inclusive os moradores classificados como pensionistas, empregados domésticos e parentes dos empregados domésticos (IBGE, 2022). 

Não foram realizadas transformações logarítmicas nestas variáveis, com o intento que se pudesse comparar os ganhos ou perdas de rendimentos para cada variável aprovada, desde que as equações preditivas obtivessem aprovação de sua normalidade. Obteve-se, finalmente, os resultados da Equação 1 da regressão múltipla, considerando as seguintes variáveis do IBGE: 

  • Variável Dependente:
    • Rendimento domiciliar per capita total
  • Variáveis Independentes:
    • Rendimento domiciliar per capita por gênero (homem ou mulher)
    • Rendimento domiciliar per capita por cor (preto, branco, pardo ou preto/pardo)

Apenas as variáveis de gênero foram significativas na equação preditiva, sem demonstrar maior prevalência de uma variável independente sobre a outra, conforme visto a seguir: 

VariávelCoefS.Ewald zP
Intercept0.36860.3114461.1830.2366
Homem0.49050.003973123.4410.0000
Mulher0.50920.004193121.4380.0000

Multiple R-squared:      1,     Adjusted R-squared:      1 ,  F-statistic -  p-value: <0,0000

A equação desenvolvida mostrou-se válida ao aportar resíduos bem distribuídos, aprovados no teste de normalidade Shapiro Walk com p-value de 0,3108. Observa-se um relativo equilíbrio entre as influências atribuídas ao homem e à mulher, através da análise dos coeficientes. O incremento de R$ 0,49 e 0,50 o rendimento domiciliar per capital total do país é devido a um aumento de R$ 1,00 no rendimento domiciliar per capita das mulheres e dos homens, respectivamente. Portanto, sob a ótica do rendimento domiciliar per capita, não houve percepção de desigualdade, considerando ainda que as variáveis de cor não obtiveram relevância nos testes estatísticos. Analisando-se em um segundo momento a Equação 2 de predição, considerou-se as seguintes variáveis do IBGE: 

  • Variável dependente:
    • Rendimento médio real total de todos os trabalhos
  • Variáveis independentes:
    • Rendimentos médios reais por gênero (homem e mulher)
    • Rendimentos médios reais por cor (preto, branco ou pardo)

Importante destacar que paras os rendimentos médios o IBGE não considerou a cor parda/preto, apenas separadamente como pardo ou preto. Os resultados da equação preditiva foi a constatada a seguir: 

VariávelCoefS.Ewald zP
Intercept14,874,0133,7070,0000
Homem0,5820,004146,60,0000
Mulher0,3870,00752,190,0000
Parda0,0260,0064,3420,0000

Multiple R-squared:      0,9999,     Adjusted R-squared:      0,9999.  F-statistic - p-value: < 2.2e-16

A equação obteve aprovação nas análises de normalidade de seus resíduos frente a um p-value de 0,6874 no teste Shapiro-Wilk. 

Novamente pode-se constatar o predomínio das variáveis de gênero, frente aos valores mais expressivos de seus coeficientes em comparação àquele da variável de cor parda, que agora aportou significância. Porém, nesta segunda equação, para cada R$ 1,00 de aumento no rendimento real médio dos homens, há o aumento de R$ 0,58 no rendimento médio real total, enquanto que o acréscimo de R$ 1,00 do rendimento real médio das mulheres, melhora em apenas R$ 0,39 o rendimento médio real total. Estes resultados podem apontar para desigualdades nas distribuições de cargos melhor remunerados entre os gêneros no Brasil

Nota-se, em adição, que na Equação 2 a variável cor parda foi significativa. Mas seu coeficiente, todavia, muito baixo. Observa-se que uma elevação de R$ 1,00 no rendimento real médio das pessoas de cor parda aumenta em apenas R$ 0,03 centavos o rendimento real médio total do país. Claramente, denota-se que há uma forte desigualdade distributiva de renda média para pessoas declaradas pardas. Todavia, as cores preto e branco não se mostraram estatisticamente significativas nas análises para fazer outros comparativos. 

Referências: 

IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, 2012-2019 (acumulado de primeiras visitas), a partir de 2020 (acumulado de quintas visitas) (2022)

IBGE. Indicadores Sociais (2022)

IPECE. Instituto de pesquisa e estratégia econômica do ceara.

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