01 Nov
01Nov

Por Daniel Christian Henrique

Cotações do Brent: entre o temor e a calmaria

O preço do barril de petróleo Brent está em uma escalada desde o início da guerra no oriente médio no começo do mês de outubro, principalmente após os temores de uma ampliação do conflito (Bora Investir). O reflexo desta alta poderá chegar no mundo inteiro. Somado a alta das commodities advindas da guerra na Ucrânia, espera-se mais inflação mundial, ou seja, aumento generalizado dos preços em todas moedas do mundo.

Até 19 de outubro, então, o esperado foi ocorrendo, com uma alta consecutiva do barril tipo Brent, chegando ao valor de US$ 92,40. Porém em sequência começou a baixar o preço, terminando 31 de outubro em US$ 85,20. Motivos do revés: diminuição do temor das interrupções da oferta de petróleo devido a guerra no oriente médio e ao aumento da oferta pela OPEP e EUA. O barril WTI, fechou em US$ 81,02 (Valor Econômico, CNN Brasil).

Taxa Selic reduzida novamente

Falando em inflação, entre 31 de outubro e 01 de novembro ocorreu mais uma reunião do Copom. E o prometido nas reuniões anteriores se cumpriu: mais um corte em 0,5 p.p. na Taxa Selic, chegando neste momento aos 12,25%. A expectativa é de novas reduções futuras, porem condicionado pelo BC a manutenção das metas fiscais para ancoragem das expectativas de inflação (Infomoney (c)). Os conflitos de informações entre membros do governo nos últimos dias do mês sobre manutenção ou não da meta fiscal zero estipulado no arcabouço fiscal levou à novas previsões com elevação de 0,25 p.p. da Selic para 2024 e 2025 - considerando aditivamente o complexo cenário externo que pode se agravar (Folha S. Paulo). 

Ibov: andou de lado e tropeçou no fim

Durante o mês todos estavam focando seu olhar na Petrobras frente a possível escalada do Brent, mas normalizou, assim como outras commodities não foram afetadas em possível efeito cascata. Conclusão: Ibov andou de lado e acabou caindo no final do mês frente aos debates no governo sobre a mudança da meta fiscal zero para um déficit de 0,25% do PIB. As maiores valorizações do período foram: GOL PN, JBS ON, ULTRAPAR ON, CVC BRASIL ON, CSN MINERAÇÃO ON, TELEF BRASIL ON, SANTANDER BR UNIT, BRF SA ON, VIBRA ON, P.AÇUCAR - CBD ON (Valor Investe, Estado de S. Paulo (b)).

IPCA-15 de outubro: Ctrl C, Ctrl V de setembro

Passado o susto com as cotações do Brent, por enquanto aqui no Brasil tudo fica igual a setembro. A prévia da inflação do mês de outubro, o IPCA-15, divulgado neste dia 26 do mesmo mês, fechou em 0,21%, levemente inferior a setembro. Os motivos principais foram também os mesmos do mês anterior: pressão do segmento de Transportes, sendo a maior alta do período (0,78%), pressionado pela elevação dos preços das passagens aéreas, transporte por aplicativos, emplacamento e licenciamentos de veículos. O subitem do segmento com baixa foi o de combustíveis: gasolina (-0,56%), etanol (-0,27%) e gás veicular (-0,27%)  - com a ressalva da alta do diesel (1,55%).   E o destaque na baixa foi, novamente, Alimentos e Bebidas (-0,31%) com destaque - também novamente - do subgrupo Alimentação a Domicílio, registrando baixa de 0,52% (Agência IBGE Notícias (a)).

E o IGP-M? Sofreu com as commodities

Quanto ao IGP-M, obteve mais uma alta em outubro, agora de 0,50%. Os principais motivos foram as elevações das commodities: bovinos (de -10,11% para 6,97%); açúcar VHP (de -2,70% para 12,88%) e carne bovina (-4,55% para 3,85%). Mas no acumulado do ano ainda está com baixa de -4,46% e de -4,57% nos últimos 12 meses (FGV; FGV-Ibre).

E outro recorde no superávit

Se de um lado as commodities pressionaram a inflação, do outro contribuíram novamente para um novo recorde do superávit: as exportações das safras recordes de grãos e aumento da produção de petróleo foram essenciais para as receitas, enquanto que a queda nos preços do petróleo e seus derivados após o susto inicial da guerra no oriente médio foram os responsáveis pela retração dos gastos (Agência Brasil)

Serviços recua após temporada de alta

Dados divulgados neste mês de outubro pelo IBGE, indicam que em agosto o setor de serviços recuou 0,9% no comparativo a julho, desbancando o contínuo das projeções de alta deste segmento divulgada anteriormente por analistas. Culpado? Os mesmos analistas culpam a ainda alta taxa de juros, admoestando que o segmento andará de lado até o fim do ano - previsão! sujeita a erros (!) (O Estado de S. Paulo).

Aluguel em alta

Informações do FipZap divulgados em outubro referentes ao mês de setembro informam uma alta de 0,96% nos aluguéis, gerando um acumulado de 13,26% no ano. A maiores altas, quase outliers, foram Florianópolis e Goiânia, com respectivamente 29,35% e 25,77% (InfoMoney (a)).

Cesta Básica em baixa

Se aluguel subiu, ao menos a cesta básica caiu em 14 capitais em setembro conforme boletim do Dieese divulgado agora em outubro - em continuidade às baixas que já se acumulam desde maio, com destaque no mês para Brasília (-4,03%), Porto Alegre (-2,48%) e Campo Grande (-2,32%). Com relação as demais capitais, as maiores altas foram Vitória (3,18%), Natal (3,06%) e Florianópolis (0,50%) (Dieese). Portanto, Florianópolis contabiliza as maiores altas em aluguel e cesta básica... e nem chegou a temporada de verão ainda.

123 Milhas = 900 Milhões a ressarcir

Passou de R$ 50 milhões para R$ 900 milhões o bloqueio realizado em bens dos sócios da empresa 123 milhas para ressarcimento dos consumidores lesados. O valor foi estipulado pela justiça foi baseado na própria informação da empresa de dívidas com seus quirografários (Estado de Minas).

Mudanças climáticas: a conta já está chegando

A cada mês que se passa, só está se confirmando o que a ciência já dizia: o tempo vai mudar... e para pior... As fortes chuvas e inundações no sul do país neste mês de outubro já contabilizam R$ 1 bilhão em prejuízos para produtores rurais. No lado oposto do país, no norte, a severa seca já prejudica o escoamento do milho (que vem batendo recordes de produção) acabará refletindo no seu preço. Já a estiagem que tem secado rios no Amazonas (deixando-os nos níveis mais baixos da história) forçou várias empresas de seu polo industrial a dar férias coletivas para os metalúrgicos frente a forte dificuldade de escoamento dos produtos eletroeletrônicos (Estado de Minas, Época Negócios, AM1)

Teletrabalho: maiores rendimentos, mas não para todos...

Antes da pandemia, a desconfiança com o teletrabalho era geral, incorrendo nos menores rendimentos do mercado. Depois da pandemia, o cenário se inverteu. Pesquisa da Pnad do IBGE divulgado neste dia 25 demonstra que em 2022 os teletrabalhadores receberam rendimentos 2,7 vezes maiores em comparação àqueles que trabalham presencialmente (R$ 6.479,00 contra R$ 2.398,00, respectivamente). O número total de pessoas nesta modalidade no mesmo ano foi de 7,5 milhões de trabalhadores (incluso dentro dos 9,5 milhões de pessoas que usam trabalho remoto - a diferença são aqueles que não usam TICs). 

Mas muita calma nesta hora... A pesquisa ainda aponta que os maiores salários atrelados ao trabalho remoto estão correlacionados a pessoas com maior grau de escolaridade (70% do total), a empresas dentro de segmentos com maiores rendimentos, assim como a trabalhadores dispostos a arcar com os custos do trabalho a distância em suas casas - que geralmente sai bem caro (Agência IBGE Notícias (b); Isto É Dinheiro).

E o JCP? Acabou ou não?

Não foi desta vez (para alívio de alguns e de algumas empresas!). A Câmara dos Deputados adiou a votação do Projeto de Lei (PL) que pretende extinguir os Juros sobre Capital Próprio - que é uma das pautas para a reforma tributária (Seu Dinheiro). O negócio é todos continuarem fazendo suas contas, CPFs e CNPJs.

Bets agora com regras e taxação

Que as apostas esportivas se ampliavam exponencialmente todos viam, pois qualquer site mais popular tem alguma propaganda das "Bets" assim como são constantes em programas televisivos. O Projeto Lei tramitado na Câmara dos Deputados neste mês de outubro (este, sem adiar!) estabelece que não poderá mais utilizar-se dinheiro em espécie; atletas, árbitros, dirigentes e comissões técnicas não poderão ser funcionários da empresa; haverá uma taxação sobre 18% da receita bruta da empresa, sendo: 2% para Seguridade Social, 1,82% para o Ministério da Educação, 6,63% para área do esporte, 5% para a área de turismo e 2,55% para o Fundo Nacional de Segurança Pública (Exame).

Desoneração da folha de pagamentos prorrogada até 2027

Enquanto isto... no Senado Federal... 

A desoneração da folha implantada em 2012 para 17 setores relevantes da economia nacional que têm altos níveis de empregabilidade vem sendo prorrogada consecutivamente e vencia agora em dezembro. Mas já no fim de outubro o Senado Federal prorrogou para até 2027 a título de manutenção dos investimentos pelas empresas ao ofertar segurança jurídica. Neste Projeto de Lei prorrogado substitui-se o recolhimento de 20% de imposto sobre a folha de salários por alíquotas de 1% até 4,5% sobre a receita bruta (Agência Senado; Agência CBIC).

E os demonstrativos de 2022 da Americanas? Só em novembro

Já não é mais surpresa, chegou a data agendada para entrega dos demonstrativos financeiros de 2022 da Americanas (31 de outubro) e têm sua divulgação adiada, novamente (para de 13 de novembro). A empresa alega apuração de novos fatos nas investigações em curso, requerendo mais tempo para averiguação dos auditores independentes a fim de divulgar, agora, um demonstrativo de qualidade e com adequados registros contábeis (ADVFN).

Varejo: endividamento, maior prêmio pelo risco e investidores receosos

Enquanto isto... nas demais empresas de varejo...

O caso Americanas só piorou o que já vinha ruim, levando o setor de varejo a maior crise da sua história, resultante de: altos índices de endividamento (gerados na pré-pandemia com a Selic lá no fundo do poço), aumento do crédito aos clientes na pré-pandemia levando a uma avalanche de inadimplência na pandemia e até hoje, intensa concorrência de grandes players do e-commerce (Amazon, AliExpress, Shopee e Shein, por exemplo), maior prêmio pelo risco no exterior advindo do caso Americanas para operar com o setor e expectativa de queda nos juros (não tão certos ainda) para ampliação do consumo das famílias. Consequentemente, muitos investidores estão olhando mais a distância o setor neste momento (Infomoney (b)). Que fase...

Referências: ADVFN, Agência BrasilAgência CBIC, Agência Senado, Agência IBGE Notícias (a), Agência IBGE Notícias (b), AM1Bora Investir, CNN Brasil, Dieese, Estado de Minas, Época Negócios, Exame, Folha S. Paulo, FGV, FGV Ibre, InfoMoney (a), Infomoney (b), Infomoney (c), Isto É Dinheiro, Estado de S. Paulo (a), O Estado de S. Paulo (b), Seu Dinheiro, Valor Econômico, Valor Investe.

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