Por Daniel Christian Henrique, Arthur Fermiano Gallate Ribeiro (bolsista de extensão Probolsas), Sabrina Knoll Godoy Ilha, Fabio Augusto Dittrich, Felipe Kenji Arai e João Vitor Savi
Finalizando nossa série extensionista sobre a evolução dos salários industriais nas diferentes regiões geográficas do país, realizando um comparativo entre o período imediatamente anterior a pandemia com o período de expansão da Covid-19, divulgamos os resultados dos estados da região centro-oeste.
Conclusões quanto a formação dos salários das divisões industriais nos estados da região centro-oeste antes e durante a pandemia da Covid-19:
- Período de 2019 a 2020
- Houveram quedas dos Salários Totais das indústrias do Distrito Federal e do estado de Goiás entre o período considerado pré-pandemia (2019) e no primeiro ano da pandemia (2020). O maior destaque foi a queda registrada no DF pela divisão industrial da Fabricação de produtos de madeira (-69,34%) e da Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-44,93%).
- Em Goiás o regresso salarial ficou com baixos percentuais de queda na maior parte de seus segmentos industriais. Houveram, todavia, três divisões com altas mais significativas (Fabricação de produtos têxteis, produtos de madeira e de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos), mas que não foram suficientes para conter as perdas salariais totais de todo o estado, visto serem segmentos com salários totais relativamente baixos.
- Aumentos salariais totais nas indústrias foram contabilizados, por sua vez, aos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No primeiro estado o grande destaque foi o significativo aumento dos salários da divisão de Fabricação de celulose, papel e produtos de papel (+321,2%), enquanto que no segundo estado houve maior relevância às elevações dos salários na Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (+29,0%) - em contraste ao ocorrido no DF; e, da Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (+38,0%).
- Na consideração do número de Pessoal Ocupado, o Distrito Federal e o Mato Grosso aportaram demissões nas suas indústrias, enquanto que Goiás e Mato Grosso do Sul elevaram suas contratações. No DF, a Fabricação de produtos de madeira obteve outro grande destaque negativo, vindo a ser o maior regresso de Pessoal Ocupado (-65,22%) dentre os segmentos analisados.
- Os quatro estados da região centro-oeste contabilizaram elevações do seus VTIs. Destaque à elevação da Fabricação de produtos têxteis em GO (225,29%), da Metalurgia no MT (162,89%), da Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos no DF (129,12%) e no MS (141,9%).
- Como segundo passo, analisou-se os valores dos coeficientes betas dos VTIs das equações preditivas dos salários totais com uso da metodologia da regressão múltipla, método stepwise. Constatou-se que houveram reduções dos coeficientes em todos estados da região, consequentemente diminuindo o potencial dos aumentos salariais em MT e MS, assim como no potencial em estancar a baixa salarial em do DF e GO. Maior destaque às baixas do MT (b = 0,0613 em 2019 para b = 0,047 em 2020) e MS (b = 0,0622 em 2019 para b = 0,0493). Assim, para cada R$ 1.000.000 em mil (ou 1 bilhão) de alta do VTI de MS em 2020, houve elevação em R$ 49.300 em mil (ou R$ 49.300.000,00) nos salários totais pagos em suas indústrias no respectivo ano. Relações equivalentes podem ser efetuadas aos demais coeficientes nas equações preditivas dos Salários Totais dos demais estados.
- Sob análise os coeficientes betas da variável Pessoal Ocupado, apenas um forte destaque: a expressiva alta do Distrito Federal, passando de b = 9,94 em 2019 para b = 17,37 em 2020. Isto posto, a baixa no período de 2.202 contratados nas suas indústrias além de reduzir naturalmente o total de salários pagos, potencializou essa queda salarial através desta forte elevação de seu coeficiente. Portanto, para cada 1.000 demissões em 2020, acarretou em baixa de R$ 17.370 em mil (ou R$ 17.370.000,00) nos Salários Totais das indústrias do DF pagos dentre todo o ano de 2020. Análises similares podem ser realizadas nas demais equações preditivas dos Salários Totais dos demais estados da região centro-oeste.
- Em Goiás, que também registrou baixa salarial, não foi possível analisar o beta da variável na equação de predição de seus Salários Totais posto que o mesmo não foi significativo, sendo eliminado nos passos do stepwise. MT e MS registraram leves aumentos nestes betas, não trazendo grandes consequências sob a ótica de mudanças em seus impactos nos salários totais das indústrias de seus estados.
- Período de 2020 a 2021
- Na consideração das movimentações dos Salários Totais pagos entre o auge da pandemia (2020) e o início das flexibilizações sanitárias (2021), os quatro estados da região centro-oeste contabilizaram aumentos, com variação percentual mais expressiva para DF (14,06%) e GO (15,26%).
- Expressivo destaque às elevações salariais das indústrias no DF na Fabricação de produtos de madeira (244,34%) e de produtos têxteis (153,81%); em GO, maior relevância à Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (57,41%); em MT, altas em destaque a Fabricação de produtos têxteis (63,52%) e de máquinas e equipamentos (62,48%), assim como forte baixa na Fabricação de celulose, papel e produtos de papel (-65,19%).
- Ambas variáveis independentes, Pessoal Ocupado e VTIs, de predição da variável dependente Salários Totais por regressões múltiplas (tipologia stepwise), contabilizaram elevações em seus dados brutos neste segundo período de análise. No MS ambas variáveis independentes se destacaram na divisão de Metalurgia (208% no VTI e 28,7% em Pessoal Ocupado). MT também incorporou uma divisão com forte atuação em ambas variáveis: Fabricação de coque, produtos derivados de petróleo e de biocombustíveis (132,84% em VTI e 39,13% em Pessoal Ocupado), acompanhado também de forte elevação das contratações na Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (39,85%), assim como na Fabricação de Máquinas e Equipamentos (70,48%).
- Sob investigação a equação preditiva dos Salários Totais, não foi possível analisar os impactos dos coeficientes para o estado de Goiás, frente a falta de normalidade dos resíduos de sua equação. DF e MS registraram leves alterações nos betas de ambas variáveis independentes, para mais ou para menos, portanto impactando fracamente nas flutuações dos Salários Totais observados nos respectivos estados.
- Mato Grosso, por sua vez, obteve mudanças mais efetivas em seus betas preditivos. Considerando o beta de Pessoal Ocupado, passou de b = 19,25 em 2020 para b = 22,52 em 2021. Desta forma, para cada aumento de 1.000 contratações do período (dentro das 5.859 admissões contabilizadas) houve uma elevação dos Salários Totais de suas indústrias em R$ 22.520 em mil (ou R$22.520.000,00). Sob análise o beta do VTI, passou de b = 0,0473 em 2020 para b = 0,0374. Isto posto, uma elevação em R$ 1.000.000 em mil (ou R$ 1 bilhão), acarretou em aumento previsto dos Salários Totais no estado em R$ 37.400 em mil (ou R$ 37.400.000,00) no somatório de todo o respectivo ano.
- Outras relações de impactos das variáveis em análise pertinentes às divisões industriais, assim como da equação preditiva dos salários industriais podem ser obtidas inspecionando as tabelas deste estudo referente a este período.
Referências: Seade(a), Seade(b)
Como citar este informe extensionista? (Padrão ABNT)
HENRIQUE, Daniel Christian; RIBEIRO, Arthur Fermiano Gallate; GODOY-ILHA, Sabrina Knoll; DITTRICH, Fabio Augusto; ARAI, Felipe Kenji; SAVI, João Vitor. Evolução dos salários nas indústrias antes e durante a pandemia da Covid-19: uma análise nos estados da região centro-oeste dos impactos do número de pessoal ocupado e do Valor da Transformação Industrial (VTI). 2025. Desenvolvido por GPFA - Grupo de Pesquisa em Finanças Analíticas. Disponível em: https://www.gpfa.com.br/informes-extensionistas/evolucao_salarios_pandemia_regiao_centro_oeste. Acesso em: (colocar a data de seu acesso ao informe).